A Citroën tem um histórico de revoluções no mundo automotivo. Modelos como Traction Avant, 2CV, CX e o lendário DS com sua suspensão hidropneumática, marcaram época em tempos distantes. Esses modelos ajudaram a construir os mais de 100 anos da fabricante sa, que teve no Basalt seu lançamento mais recente no Brasil.
Terceiro e último dos 3 carros planejados para o projeto C-Cubed, o Basalt chega após os criticados C3 e Aircross e cumpre o prometido pela Citroën de lançar três novos modelos para atualizar sua linha no Brasil.
O sedã dos anos 2020
Em todo o planeta, os SUVs estão se tornando cada vez mais populares. Por aqui, a impressão pode ser de que todos os carros estão ando por essa “SUVização”. Com o perdão do neologismo, a Citroën não é a responsável por inventar o novo segmento, mas surfa na nova onda.
É possível considerar o Basalt um SUV-cupê, até porque atende quase todos os requisitos de SUV segundo o Inmetro, mas acredito que o modelo produzido em Porto Real está mais para um sedã que ou por esse processo de “SUVização”.
Até a Coluna C, o Basalt é praticamente o mesmo de C3 e Aircross. A diferença para o C3, por exemplo, está somente no para-choque frontal, que leva um detalhe pronunciado à frente, igual ao visto no Aircross.
Vale lembrar que carros com essa mescla de SUV-cupê com sedã não são novidades para a Citroën. Na Europa, modelos como C4X e C5 X abriram o caminho para a existência do Basalt.
Espaço de sobra
Para quem precisa de um carro espaçoso, o Basalt se destaca, lembrando justamente os…. Sedãs. São 2,64 metros de distância entre os eixos, ou seja, 16 cm a mais do que no C3. Esse espaço é crucial para que pessoas que usam o banco traseiro se sintam mais confortáveis em viagens.
O porta-malas tem 490 litros de capacidade no padrão VDA, número similar ao apresentado por diversos sedãs do mercado nacional.
Para efeito de comparação, o Fiat Cronos mede 2,52 m de entre-eixos e conta com 525 litros de porta-malas. No Chevrolet Onix Plus são 2,6 metros e 500 litros de capacidade, no Hyundai HB20S a distância entre os eixos é de 2,53 metros, enquanto o porta-malas comporta 475 litros. Mais caros que os rivais, o Volkswagen Virtus oferece 2,65 metros de entre-eixos e porta–malas para 521 litros.
Portanto, o Basalt combina espaço de sedã, com altura e porte de SUV, uma combinação que tem bastante potencial no mercado. É bem verdade que o Fiat Fastback também usa uma receita parecida.
Em novembro, o Basalt vendeu 912 unidades. No mês seguinte o número cresceu para 962 unidades, e em janeiro de 2025, foi o Citroën mais vendido do país, com 1.206 unidades.
É importante ressaltar que 98,6% de unidades do Basalt foram comercializadas através da modalidade venda direta, ou seja, para quem possui CNPJ, taxistas, frotistas e PCDs. Considerando somente esta forma de negócios, o Basalt superou justamente o Fiat Fastback (1.190).
Os números do mercado mostram que existe a demanda por um carro alto com muito espaço interno, mesclando o que os SUVs e os sedãs conseguem oferecer.
Equipamentos de série
Desde a versão Feel, o Basalt é equipado com 4 airbags, duas portas USB, ar-condicionado, multimídia de 10” com conexão sem fio, direção elétrica, câmera de ré, de instrumentos de 7”, volante com ajuste de altura, retrovisor elétrico, comando de som pelo volante e alarme.
A versão intermediária Feel Turbo traz, obviamente, o motor 1.0 Turbo e a transmissão automática de 7 velocidades do tipo CVT.
A opção topo de linha é a Shine, que adiciona ar-condicionado automático e digital, controlador de velocidade, rodas de 17 polegadas com acabamento diamantado, sensor de estacionamento traseiro e bancos com revestimento .
Como anda o Citroën Basalt?
Equipado com motor 1.0 turbo de até 130 cv e 20,4 kgfm de torque, o Basalt topo de linha não decepciona em termos de desempenho. A transmissão casa bem com o motor e só deixa a desejar em algumas situações de retomada quando o carro não se mostra “atento”, entretanto, basta acionar o modo Sport que o comportamento se modifica completamente.
Com o modo esportivo acionado, o Basalt fica muito mais sensível aos toques no acelerador, e é ideal para realizar ultraagens, ainda que não necessário, afinal, o motor não é fraco.
Não o trate como esportivo
Se você quer um esportivo, está na marca errada. Procure um BMW X6 M Competition, ou até mesmo um Fastback Abarth se seu orçamento estiver curto. Se o desempenho em linha reta do Basalt é legal, o mesmo não se pode dizer em curvas.
A rolagem da carroceria nas curvas é acentuada e pode assustar motoristas que não estão acostumados. É sempre importante lembrar que o Basalt é alto e possui um elevado curso de suspensão, o que aumenta a rolagem de carroceria.
Não e dos limites da rodovia e o Basalt se comporta dentro do esperado, somente, talvez, com objetos atravessando a cabine de um lado para o outro.
Na cidade, o comportamento também é o esperado para um carro do segmento mais ível. A suspensão é extremamente mole e busca um acerto tendendo para o lado do conforto, apesar da cabine balançar bastante.
A multimídia de 10 polegadas apresenta conexão sem fios e faz o esperado. Um ponto de crítica pode ser o sistema que compensa o ruído do motor elevando o som da multimídia. A ideia é boa, afinal, o motor é ruidoso em algumas situações, mas o volume demora para ficar mais elevado, e também demora para ser reduzido.
O de instrumentos de 7” é bem simples, mas oferece tudo o que o motorista precisa. A versão topo de linha traz o ar-condicionado digital, que dá um toque de sofisticação extra ao Basalt.
Seria interessante se o pacote da versão Shine oferecesse itens como sensor de estacionamento dianteiro carregador de celular por indução, dois itens vendidos como órios para o Basalt, que custam R$ 596,78 e R$ 599, respectivamente.
Não espere consumo baixo
Segundo a ficha técnica, quando abastecido com etanol, o Basalt com motor turbo consegue percorrer 8,3 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada. Com gasolina, os números sobem para 11,9 km/l no ciclo urbano e 13,7 km/l no ciclo rodoviário.
Em nossos testes, o consumo urbano ficou na casa dos 6 km/l, sempre com ar-condicionado ligado.
Ruído excessivo e economias desnecessárias
O principal ponto do projeto C-Cubed desde seu lançamento é o ruído alto realizado pela ventoinha do motor, especialmente quando o ar-condicionado está em funcionamento. No Basalt, apesar do isolamento acústico um pouco melhor do que de C3 e Aircross, o som ainda é bem notável na cabine.
Outro ponto que pode incomodar é o excesso de plástico nas portas e no , mas é sempre importante lembrar que a ideia da nova família da Citroën é ser mais ível.
O que na minha opinião poderia fazer o valor agregado do carro ser muito superior é o comando de vidro elétrico na porta e não no túnel central. Além de esquisito e contra-intuitivo, tanto para o motorista quanto para os ocupantes traseiros. Outro motivo para esta mudança é que, na Índia, o Basalt foi lançado com os comandos de vidros elétricos na porta, e o Brasil ficou “excluído” dessa atualização.
Preços e Rivais:
Citroën Basalt Feel 1.0 - R$ 99.490
Citroën Basalt Feel Turbo 200 - R$ 115.700
Citroën Basalt Shine Turbo 200 - R$ 117.100
*Segundo o configurador da Citroën, o modelo pode ser encontrado por R$ 91.990, R$ 99.990 e R$ 105.899, respectivamente.
Fiat Cronos Drive 1.0 - R$ 98.990
Hyundai HB20S Comfort Plus - R$ 103.010
Chevrolet Onix Plus 1.0 LT - R$ 105.490
Volkswagen Virtus Sense Manual - R$ 105.990
Fiat Cronos Drive 1.3 Automático - R$ 107.990
Chevrolet Onix Plus AT Turbo - R$ 116.070
Volkswagen Virtus TSI Automático - R$ 119.990
Hyundai HB20S Comfort Plus Tech Turbo - R$ 123.010
Vale a pena?
Independente da versão, acredito que o Basalt seja uma opção interessante para quem realiza transporte de ageiros, especialmente taxistas e motoristas de aplicativos. O porta-malas é bem generoso, assim como o espaço para ageiros.
A versão aspirada pode entregar o baixo consumo de combustível esperado por esses profissionais, apesar de ficar devendo alguns equipamentos mais rebuscados que fazem diferença no caso do Basalt, como os bancos com revestimento .
Quem não compra carro com emoção, terá no Basalt um ótimo custo-benefício, especialmente se esperar as promoções certas na hora de comprar.
O argumento do preço mais em conta, mecânica relativamente confiável e compartilhada com diversos outros carros da linha Fiat e Peugeot, além, claro, do espaço interno como trunfo.
Ficha Técnica Citroën Basalt Shine T200
Motor: 999 cm3, dianteiro, transversal, três cilindros, 12 válvulas, turbo, injeção direta, 130 cv de potência a 5.750 rpm, 20,4 kgfm de torque a 20,4 kgfm, flex
Câmbio: automático do tipo CVT de sete marchas simuladas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: Mherson na dianteira e eixo de torção na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira e tambor na traseira
Pneus: 205/60 R16
Dimensões: 4,34 metros de comprimento; 1,82 m de largura; 1,58 m de altura; 2,64 m de distância entre-eixos; porta-malas de 490 litros; e tanque de 47 litros
Consumo PBEV: Urbano: 11,9 km/l (gasolina) / 8,3 km/l (etanol) Estrada: 13,7 km/l (gasolina) / 9,6 km/l (etanol)
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